A legislação brasileira diz que todos somos iguais perante às leis, portanto temos os mesmos direitos e deveres, mas com o tempo vimos que não é bem assim. Com o passar dos tempos vimos que alguns grupos esquecidos informalmente precisavam de um apoio diferenciado para se enquadrar entre os “iguais perante a lei”, são eles os negros, os índios, os mais pobres e os portadores de necessidades especiais. Com a implantação das políticas de ações afirmativas, surgiu o sistema de cotas, que é um inicio para correção das distorções da oferta do ensino superior brasileiro.
O governo brasileiro, e
porque não dizer o povo em geral, estavam conformados com a situação precária
da educação brasileira, onde o ensino de qualidade era ministrado apenas aos
jovens de classe econômica superior, restando aos mais pobres se contentarem
com escolas e faculdades de níveis muito mais baixos. Com a estabilização
econômica e com o conseqüente crescimento, abriu-se um novo horizonte tanto aos
governantes, como à sociedade em si e boas iniciativas deram inicio às
Políticas de Ações Afirmativas. A implantação do sistema de cotas foi duramente
criticada pois reduzia a oferta de vagas aos mais ricos nas melhores
universidades. Foi um caminho sem volta que deu inicio, finalmente, à
verdadeira chance de inclusão das
classes mencionadas acima. Depois vieram novas ações como o ENEM, que
democratizou a oferta de vagas na maioria das Universidades Publicas e o PROUNI
que encaminha os demais estudantes, que não são absorvidos pelo ensino publico,
ao setor privado através de bolsas de estudo.
Com o ingresso dos cotistas
no ensino superior, começaram a surgir obstáculos que, necessariamente, necessitavam
da participação efetiva dos docentes para suas transposições. Os professores
precisaram aprender a lidar com uma diversidade até então não vista ainda nas
salas de aula das universidades. Grupos oriundos das cotas, em um primeiro
momento, foram classificados como “mais fracos” ou “incapazes” de acompanhar o
ritmo dos alunos não cotistas, mas esse pré-conceito logo foi derrubado pelos
fatos, que mostraram que isso na verdade não ocorria.
O simples fato da
existência de cota pra o ingresso no ensino superior, não é a garantia de que
haverá a inclusão social buscada. O aluno precisa estar minimamente preparado
para ingressar nas universidades e faculdades e precisa de condições econômicas
para se manter. Muitos se formam com níveis baixíssimos e tem plena consciência
de que dificilmente estarão aptos a acompanhar o conteúdo universitário. Vemos
também que sobram muitas vagas nas entidades particulares, mesmo com o oferecimento
do PROUNI, devido à distancia onde moram os alunos e a faculdade à qual
passaram via ENEM, onde a situação econômica, como já foi mencionado, acaba
fazendo o aluno desistir.
Não há como negar que as
Políticas de Avanço Afirmativas foram um enorme passo que demos rumo à
democratização do ensino, mas precisamos de muito mais. Só com um serio plano
de investimentos no ensino fundamental e médio, visando o aumento significativo
da qualidade do ensino ofertado nas escolas publicas, contribuirá verdadeiramente
para que o aluno das classes citadas acima possam concorrer em pé de igualdade
com os alunos mais ricos, talvez até dispensando o uso das cotas.
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