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segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Pensando sobre o ensino fundamental



No papel, o governo diz que a implantação do regime de nove anos ao ensino fundamental seria para ampliar o direito das crianças ao sistema educacional, equiparando seu conteúdo e dando as mesmas condições de ensino aos alunos das escolas particulares. Não se levou em conta que as crianças não estivessem “formadas” ainda ao regime escolar existente hoje. A preparação para a escola é de suma importância e seu papel deveria ficar a cargo da pré-escola, como sempre foi, não enfraquecendo-a e trazendo uma piora no aprendizado das crianças de seis anos.
A não preparação corretadas das escolas à implementação do nono ano escolar impactou drasticamente nos novos alunos. A maioria das escolas não estava preparada fisicamente para receber as crianças, não tinham grade curricular compatível e distribuída corretamente para os nove anos. Isso fez com que as crianças fossem submetidas  a conteúdos incompatíveis com sua real preparação fazendo com que, principalmente em regiões mais carentes, a medida não surtisse o efeito desejado, pelo contrario, agindo como meio de afastamento ou desinteresse das crianças que adentravam às escolas.
Toda mudança na maneira como deve ser conduzida à educação publica: sua grade, suas metas, meios e modos, precisaria, necessariamente, passar pelo crivo da base educacional, ou seja, pelos professores, diretores, pais de alunos e sociedade civil em geral. A implementação do nono ano letivo foi decidida de “cima para baixo”, onde as autoridades tinham consciência dos inúmeros problemas existentes tais quais: falta de vagas, desinteresse, evasão escolar, baixo rendimento, entre outros. 
O governo adotou uma medida paliativa, mexendo com um modelo que, apesar de tudo, ainda funcionava aceitavelmente bem, que era a pré-escola. Sobrecarregou ainda mais os municípios, fazendo com que em regiões mais pobres a emenda ficasse pior que o soneto, como diria o poeta português  Manuel Maria Barbosa du Bocage.
A implementação do nono ano veio junto com uma porção de medidas que seriam tomadas, mas como sempre acontece, nada foi feito. É impossível avaliar o modelo tal qual está hoje sem as mudanças estruturais, curriculares, formativas e pedagógicas, mas é possível dizer que foi uma medida que apenas fez parecer que o governo buscou alguma coisa para melhorar a qualidade do ensino. Efetivamente não mudou nada, ou piorou na maioria dos casos.

Por fim, se medidas serias não forem tomadas como: a adequação física dos espaços com carteiras, cadeiras e mesas confortáveis e adequadas aos tamanhos das crianças, currículo pedagógico revisto, formação dos professores baseada na nova realidade, juntamente com os investimentos constantes na educação pré-escolar preparando as crianças para esse ingresso, hoje precoce, na fase escolar; só não será perda de tempo e atraso para essa leva de alunos que cursam e cursarão o ensino fundamental nos próximos anos, devido a heróica batalha diária dos professores que mesmo com tudo contra, mostram amor a profissão e contribuem para que a educação brasileira não seja o fracasso total que os governantes insistem em buscar.

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